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domingo, fevereiro 27, 2011

 
Acordamos, espreguiçamos e vivemos o dia, não só porque temos responsabilidades e deveres a cumprir, mas também porque, algures nesse dia, encontramos algo que nos compensa da rotina que compõe a vida. Os dias longos não são mais que dias em que nos limitamos a viver, como se a vida fosse apenas uma constante procura de conhecimento. Com efeito, há momentos em que procuramos uma sabedoria afastada da inconsciência a que as emoções nos submetem, tentando racionalizar, ponderar e agir com alguma sensatez.
No entanto, esses momentos são simplesmente isso, momentos. A vida só é vivida quando for composta por dias curtos, sentidos com uma devoção e intensidade avassaladoras. São esses dias que nos acendem uma chama de paixão, que nos satisfazem com o som da chuva, o chicotear do cabelo, a carícia da lã e o cheiro do café. Esses dias curtos são os instantes em que nos entregamos às nossas próprias vivências e delas tiramos algum proveito. Seja afeição, seja raiva, seja inveja, seja desprezo, os sentimentos são responsáveis pela ligação que temos com as outras pessoas. É através deles que assumimos uma forte personalidade, quer pela aptidão de escolhermos as emoções que queremos transparecer, quer pela incapacidade de contê-las. 
Ao fim do dia, quando nos deitamos e ouvimos o nosso batimento cardíaco ou a nossa respiração, damos por nós a reflectir sobre as nossas acções. Concluímos que houveram instantes que nos marcaram, repletos de uma elevada carga emocional que, por vezes, nos fazem adormecer com a exaustão das lágrimas, ou nos embalam com um sorriso. E amanhã de manhã, viveremos tudo de novo.