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segunda-feira, abril 30, 2012

Ergue-se o sol. A cidade acorda. As frestas cerradas das janelas escondem o levantar de um povo. Ergo-me feliz. A minha alma está cheia e o meu olhar transborda, porque todos os dias me perco em teus braços como se fosse o primeiro, e o último.
Para uns és a “Nova Bragança”, para outros a “Veneza Portuguesa”, para mim és mais que isso, és Aveiro. Recordo todos os dias o dia em que me acolheste, sem esquecer como me acolhes dia após dia. Primeiro foram as matrículas, em que o imenso negro dos gabões me cercou e mostrou o início de um ciclo de integração. Seguiu-se o primeiro dia, em que em frente à Reitoria milhares de corações batiam por ti e entoavam no seu íntimo o teu nome. A partir daí, todos os dias me foi apontado o caminho, e dia após dia, faina após faina, mais do teu espírito foi entrando em mim e mais de ti eu fui guardando.
Hoje, depois de tantas fainas, de tantas gargalhadas, de tantas experiências, de tantas noites (umas de estudo, outras de festa), depois de tantas vezes termos testemunhado juntos o nascer e o pôr do sol, cá estamos os dois, juntos como no primeiro dia.
Agradeço-te. Agradeço-te por tudo o que me deste. Porque me deste tudo aquilo que no mais íntimo do meu ser eu ansiava. Hoje e sempre, trar-te-ei comigo nas pessoas que me mostraste e nas coisas que me ensinaste.És mais do que uma cidade, és um olhar intenso para o futuro que se renova à medida que passa cada aurora e cada crepúsculo. Tu, como a própria essência da existência, estás entranhada em mim, sobrepões-te no espaço e no tempo, sobrepões-te ao passado que fica e ao futuro que virá, sobrepões-te à própria ideia da vida, porque tu, tu és Aveiro. Por isso, viverás sempre comigo. E no dia em que a minha alma passar da vida à fatalidade que se segue à existência, no dia em que o meu coração bater pela última vez e os meus olhos vejam o último raio de luz, eu não me entristecerei, porque sei que tu virás comigo, e assim, no meu último suspiro gritarei: “AVEIRO É NOSSO!!!!!”

Fábio Simões